A Barragem de Condeúba

Desde o início dos tempos que o homem constrói suas casas e moradias à beira de rios e lagos, dada a importância que a água tem na vida da humanidade. Podemos viver sem energia elétrica, sem combustível, sem casas, podemos até enganar a fome, mas se faltar água, conseqüentemente também faltará a vida.

Sr. Osmar Alves de Sousa

Nós condeubenses sempre fomos um povo abençoado no quesito água, desde a década de 50, quando na gestão do então Prefeito, Sr. Osmar Alves de Sousa, nossa barragem do Champrão foi construída, que desconhecemos o que é seca. Algumas cidades circunvizinhas também usufruem dessa benesse quando chegam os meses de estiagem, são as águas cristalinas da nossa barragem que socorrem suas necessidades, inclusive a cidade de Cordeiros já tem água encanada diretamente da nossa barragem.

Ultimamente uma preocupação tem se espalhado, principalmente entre as pessoas mais velhas, que tem conhecimento do que é o sofrimento de uma grande seca: Até quando a barragem vai suportar a demanda por água da nossa cidade e região?

Desde que foi inaugurada, em fevereiro de 1955, a barragem não passou por nenhum processo de revitalização significante e atualmente tem ficado pior, pois a população de nossa cidade tem crescido, junto com o crescimento populacional vem o consumo, também  crescente na mesma ordem. Quando cessam as chuvas, o sol castiga e começam a aparecer aqueles benditos galhos pretos na barragem, no começo do mês de abril, a pergunta vem logo: será que vai ser esse ano que vamos ter falta d’água?

Fim da Barragem

Após realizarmos uma enquete em nosso site sobre a questão e atendendo à solicitação de alguns leitores, aos quais agradecemos penhoradamente, fomos a busca de algumas informações relevantes para essa discussão. Os dados foram extraídos dos sites da Embasa, DNCOS e algumas informações foram conseguidas com funcionários dessas empresas e departamentos. Acompanhe:

DNOCS – O órgão responsável pela fiscalização, monitoramento das águas e demais controles é o DNOCS, Departamento Nacional de Obras contra a Seca – Departamento federal   que tinha sido extinto e foi recriado pelo Governo Lula. Só que na primeira parte de sua existência, o DNOCS mantinha funcionários e escritório em Condeúba, já na segunda versão o escritório que responde por nossa barragem fica em Livramento-BA, há quase 200 km de distância, o que dificulta tudo, desde a fiscalização até os controles mais simples, junte à distância à falta de funcionários, pois são muitos os açudes sob os cuidados do DNCOS e pouco pessoal. Em contato com o Engenheiro responsável, fomos informados que a parte hidromecânica do açude foi totalmente reformada há cerca de cinco anos, o que falta no momento são cuidados externos, como: revitalização do sangradouro, limpeza da banca e consertos das casas. Já existe projeto em andamento, o DNCOS aguarda verba federal para execução das obras.

EMBASA – A Empresa de Águas e Saneamento da Bahia, nada mais é do que mais uma cliente do DNCOS ou seja: é uma consumidora que paga pelo que compra e revende seu produto para a população. Retira a água, trata e distribui para os habitantes da cidade, cobrando pelos seus serviços, não tendo qualquer responsabilidade com a manutenção do açude.

ASSOREAMENTO – Amontoamento de areia ou terra causada por enchente ou deslocamento do solo – Alguns técnicos que estudam assoreamento de açudes e que conhecem nossa barragem, informaram que a situação hora apresentada é normal, diante dos quase 60 anos de idade. O fato mais prejudicial ocorrido ao longo desses anos foi a colocação de terra e areia na passagem do bem-te-vi, quando da transformação do leito rio em estrada naquele local. A terra e a areia tem sido levadas para dentro da barragem quando vêm as águas das cheias, quando passam, outras camadas são recolocadas e o processo se repete a cada ano. Este processo tem aterrado o encontro do rio com a barragem e extinguiu o bem-te-vi, local em que nós, mais velhos, fazíamos nossos pic-nics e guisados, nos domingos e feriados. Era um verdadeiro point de lazer. Que saudade!

Bem-Te-Vi

ARMAZENAMENTO: A capacidade máxima de armazenamento de água do açude champrão é de 5.980.000 m³ – CINCO MILHÕES, NOVECENTOS E OITENTA MIL METROS CUBICOS – atualmente ela se encontra com 1,15 m abaixo do nível total, o que corresponde a 4.600.000 m³ – QUATRO MILHÕES E SEISCENTOS MIL METROS CÚBICOS de água.

CONSUMO – O consumo médio mensal da EMBASA é de 52.000 m³ (cinqüenta e dois mil metros cúbicos), representa a utilização pelos habitantes das cidades de Condeúba e Cordeiros – a EMBASA paga ao DNCOS por esse consumo. Existem outros usuários tais como: AABB, Posto Cajueiro, construções que ficam nas proximidades da barragem e o consumo nas plantações e casas que ficam nos lotes, que não é possível quantificar com precisão, haja vista não existir nenhum controle, mas os técnicos avaliam ser de mais ou menos 30.000 m³ (trinta mil metros cúbicos).

EVAPORAÇÃO: Além do consumo, outro fator que diminui substancialmente a quantidade das águas no período das secas é a evaporação – fenômeno de transformação do estado liquido para o gasoso – nos meses críticos cerca de 60.000 m³ (sessenta mil metros cúbicos) mês, em média são evaporados.

SITUAÇÃO ATUAL: Embora a feiúra explicita e o descaso aparente seja o que vemos, o s técnicos  que ouvimos, tanto do DNCOS quanto da EMBASA, atestam pelos dados que colhem nos controles, que o açude champrão é o que está em melhor condição, nos quesitos quantidade/consumo e qualidade da água, em toda região, para isso, destacamos abaixo uma conta de fácil entendimento:

Banca da Barragem

Capacidade do açude: 5.980.000 m³ (Fonte: site do DNCOS)

Consumo/EMBASA – 52.000 m³/mês (fonte: Escritório da EMBASA – Condeúba-BA)

Consumo/outros usuários – 38.000 m³/mês (Fonte: técnicos)

Evaporação: 60.000 m³/mês (Fonte: técnicos)

Quantidade de água existente no açude em março/2012: 4.300.000 m³ (Fonte: EMBASA)

Assim, se temos 4.300.000 m³ de água armazenados e o nosso consumo/evaporação médio mensal é de 150.000 m³, temos água suficiente para alguns anos de seca, o que rogamos a Deus que não aconteça e rogamos aos homens que limpem a banca e o sangradouro.

E, enquanto as chuvas não chegam “de com força”, ficamos impossibilitados de “TOMAR UM BANHO NA BARRAGEM DE CONDEÚBA”, de “TIRAR UM SALTO MORTAL ENTRE A TRAÍRA e o PIAÚ” -, porém, continuamos de “ALMAS LAVADAS”, graças a Deus e ao Sr. OSMAR ALVES DE SOUSA, que escreveu seu nome na história condeubense, com a construção da barragem, proporcionando a nós condeubenses água em abundância –  “ISSO É QUE É BOM,ISSO É VIVER, VIVER A VIDA” –

Fica a dica para os políticos que desejarem ter seus nomes lembrados para sempre:

“O DISCURSO É COMUM E PASSA COM O TEMPO, MAS AS GRANDES OBRAS SÃO RARAS E PERMANECEM”.

Agradecemos ao leitor Filinto Neves pela indicação de matéria.

Décio Pereira – E-mail: deciossa@yahoo.com.br

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7 Comentários

  • Meu Deus! Mas essa agora… ai, ai viu? Sem comentários!! Só parabenizar o editor pela matéria, ascendendo nossa preocupação e alertando para o uso responsável de nossa água!!

  • Parabéns ao site vivemos aqui em são paulo e o ddez é nossa fonte de saudades, tanta saudade do bem-ti-vi, do poção da barragem, das pescarias de piaiu e piaba cachora e traira. Das canoas onde passeava todo domingo com meu pai. muito obrigado ao site por nos porporcionar essa saudade. vamos cuidar da nossa barragem, tá feia, para q não fique como o bem ti vi. amigos de condeuba abraços para todos aí. aqui sentimos saudades da nossa tera.
    Cleber e Nonato – São Paulo

  • O que está acabando com a barragem é o mesmo mal que matou o Gavião: Assoreamento causado pelo desmatamento das margens (mata ciliar) provocado pela ganância em produzir carvão. Apesar de o governo de Minas fiscalizar a origem desse carvão de Caatinga os exploradores conseguem notas fiscais de carvão de eucalipto em S.J. do Paraiso e burlam a fiscalização.
    Enquanto existir uma árvore na beira dos nossos riachos existirá alguém querendo-a pra fazer carvão. É um crime que as autoridades da Bahia nem ligam porque pensam que isso gera progresso. Isso gera miséria e, futuramente, Condeúba estará na lista dos municípios em calamidade por falta d’água.

    “O comentário não representa a opinião do site, a responsabilidade é do autor da mensagem”

  • Quando se fazia obras públicas sem fins eleitoreiros, visando a solução real dos problemas. Não sei como e quem iluminou o gestor da época(Osmar souza), prá ter esta visão futurista e depois de tantos anos nunca sequer tivemos ameaça de racionamento de água.

    “O comentário não representa a opinião do site, a responsabilidade é do autor da mensagem”

  • obrigado Décio pela essa materia a que você atendeu o meu pedido sobre essa grandesa que e nossa barragem eu sou um amante da pesca e gostaria de saber o que o dnocs fala da implantaçao do peixe invasor(piranha)colocada em nossa barragem tendo com isso um forte impacto sobreos peixe existente chegando a quase extinguilo exemplo os piaus as piaba cachorra e muinto mais como sou um pescador preocupado com o desaparecimento dos mesmo fica aqui a minha preocupaçao sabendo eu q se colocase um peixe como o (tucunare ) diminuiria bastante a quantidade de piranha por q esse tipo de peixe e predador as mesma em bora um peixe considerado nobre pela qualidade de sua carde e otimo peixe para pescaria eportivo ele diminuiria a quntidade de piranha sabendo q ela dessolvam bem pequenas almentando assim a quantidade gostaria q mim desse uma resposta sobre esse caso por que ja tentei varios meios e nada de resposta desde agradeço a vcs pela pedido atendido e espero resposta de vcs um forte abraço

  • òtma reportagem, muito boa mesmo para nós q tanto precisamos de água para viver aqui no sertão bravo. nossa barragem é mesmo um presente de Deus, com tanto sofrimento por aí nós tamos bem na fita, graças a Deus. O homem é q não sabe preservar, concordo com o ADERBAL, com NEUTON, com FILINTO, com todos q querem o bem de nossa água. Vamos cobrar gente, ainda bem q temos este site para reclamar. Obrigado

  • ALINE cOUTINHO disse:

    que reportagem magnífica! estou realizando oficinas com alunos do CETEP (Caetité) sobre patrimônio, e não pude deixar de falar sobre a barragem de Condeúba (que eu particularmente considero como patrimônio para os condeubenses e as demais pessoas de outros lugares que desfrutam do uso da água)

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