Descobrindo minha terra, conhecendo meu povo

Por: Dermeval Filho

dermeval filhoUm dos primeiros ensinamentos que aprendi na Faculdade de Comunicação Social foi que, o jornalista precisa viajar. Se não puder viajar pra longe, que viaje dentro da própria cidade. É preciso conhecer as pessoas, as ruas, a história, a cultura. Isso ganhou mais evidência em dias atuais, quando o jornalista do século 21 cria a pauta, vai atrás das fontes, é motorista, apura, checa, escreve, revisa, vende Natura, edita texto, põe título, subtítulo, legenda, vende ovo de Páscoa, faz foto, trata imagem, filma, edita vídeo, joga na Mega-Sena, sobe arquivo no site, fecha matéria e, nas horas vagas, faz um monte de “frila”.

Pois bem! Convidado a participar do movimento ‘’Voluntários do Sertão’’, até então não sabia bem o que ia fazer, mas isso foi só uma questão de horas. Na última semana fiquei incumbido de desempenhar um papel que está praticamente extinto das redações, “o pauteiro”. De repente me vi rodeado por vários profissionais da área, em suas diversas especialidades, todos prontos a me ouvir, saber da cidade, da história, dos personagens, indicar fatos interessantes, enfim, garimpar e garimpar. E lá fomos nós a campo, eu como voluntário, não trabalhando diretamente com os pacientes, mas contribuindo um pouquinho que fosse pra que esse projeto acontecesse. Havia sem dúvida uma ansiedade em querer corresponder às expectativas e desempenhar um bom papel.

Que semana! Que experiência! Profissionalmente, foi um grande aprendizado, um curso intensivo de jornalismo com alguns dos melhores profissionais. O cuidado com a melhor foto, o texto humanizado, a edição, a pergunta que faltava ser feita. Foi extremamente gratificante ser ouvido, reconhecido e respeitado como profissional. Havia chegado um momento dessa intensa jornada em que resolveram fazer de mim personagem, como cada um dos mais de 700 voluntários envolvidos.  Eu argumentava – ‘’gente, jornalista não é personagem’’! Não adiantava! Entre tantas perguntas, fui questionado por que fui ser voluntário e qual lição  eu tirava dessa semana.

Entendi ao final que não conseguia descrever em palavras o que é ser voluntário (acredite, escrever para mim é uma tortura), pois quando percebi, já estava envolvido completamente, contagiado por ver o povo que tanto amo e admiro sendo beneficiado, tratado com carinho, respeito e atenção. Entendi também que todos têm papel fundamental, desde aquele que se propôs a limpar o chão, do coordenador, ao advogado, chegando ao profissional da saúde, todos envolvidos nessa engrenagem humana do bem. ‘’A razão de tudo é não querer colher os louros pessoais, assim os Voluntários nunca perderão sua essência’’, dizia um médico que participa desde a primeira edição. Isso me soou como música!

Entre tantas experiências, como frisado no início, foi inesquecível viajar pela minha cidade, conhecer personagens, a riqueza de suas histórias e estórias, enxergar de perto as realidades e sentir a emoção daqueles profissionais que acompanhei. Estavam encantados com nossa terra, nosso povo, nosso jeito. “Não houve um lugar sequer, onde não nos tenha sido oferecido café, bolo e biscoito. Nunca vi isso”, diziam. Voltei dessa viagem de uma semana renovado profissional e espiritualmente, pois não há como pensar o mundo da mesma forma de quando entrou. Realmente, é preciso viajar, e viajar primeiro dentro da nossa cidade. Há um mundo próximo de nós pronto a ser desbravado.

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UM Comentário

  • FABIANO FERREIRA disse:

    como falar de uma pessoa como lolo, concentrado, integro, pessoa do BEM, excelente profissional em poucas palavras PARABÉNS…

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