COISAS DE CONDEÚBA
Cassinho e Pretinho em um negocinho de amiguinho.
Festa na AABB, grito de carnaval – você conhece alguma coisa mais antiga? – Nem eu.
Nas festas da AABB o bar é de responsabilidade ou irresponsabilidade de Pretinho e a tradição manda que não se venda fiado, bastam as contas penduradas do dia-a-dia. No sábado de carnaval não foi diferente. Lá pelas tantas chega nosso amigo Cassinho de Otaviano no caixa e pede duas fichas para refrigerantes. Pretinho entrega e vai logo dizendo: – Cau, hoje não tem fiado, só no dinheiro.
Cassinho responde: Aí tá difícil, eu não sabia, tô sem nada, mas faz assim: Você me empresta cinquentinha, eu pago as fichas e depois nóis acerta.
Pretinho: Então tá certo, tá aqui os cinqüentão. (Pra quem pede emprestado é sempre no diminutivo, para quem empresta é sempre no aumentativo)
Cassinho pega as fichas, entrega o dinheiro que veio do próprio caixa de Pretinho e diz:
Ói, aproveita, cobra as fichas e cobra também uma conta que estou devendo aí na AABB de trinta reais e me dá o troco.
Assim Pretinho o fez: devolveu o troco de doze reais.
Cau olha para as fichas e para o troco em sua mão e diz: Eu não tinha nenhum dinheiro, agora comprei e paguei os refri, paguei minha conta e ainda tô com doze reais. Ainda dizem que não existe milagre!
Sr. Remigio, Os meninos e pneu furado.
O Sr. Remigio tinha uma Brasília bege, que ele comprou zerada. Um dia em Conquista dois garotos de Condeúba, filhos de amigos do Sr. Remigio, pediu a ele a Brasília para dar uma volta e o Sr. Remigio deu, mas falou: voltem logo, não demorem. Isso era meio dia.
Lá pelas seis horas da tarde, os meninos chegaram e o Sr. Remigio já chateado com a demora foi logo falando: O que houve, não pedi para que fosse uma voltinha rápida?
Entre os garotos tinha um bom de conversa e foi logo se desculpando: Sr. Remigio nos desculpe, mas é que furou um pneu e a gente demorou de achar uma borracharia.
Sr. Remigio falou: Então tá certo, qual foi o pneu?
O garoto esperto logo falou: Olha Sr. Remigio, a agente demorou tanto e esquentamos tanto a cabeça procurando a borracharia, que a gente nem se lembra qual foi. Mas fica tranqüilo que fizemos a força direitinho.
Sr. Remigio completou: Certo, então vamos ali comigo que preciso fazer um negócio.
Prontamente entregam no carro, certos de que tinham dobrado o Sr. Remigio.
Sr. Remigio que de bobo nunca teve nada, foi direto para uma borracharia, desceu e falou para o borracheiro: Moço, tira os quatro pneus desse carro e descubra qual câmara de ar teve um furo, tira e bota uma nova. Não gosto de andar no asfalto com câmaras remendadas.
Quando o Sr. Remigio olhou para os lados, os meninos tinham desaparecido. O Sr. Remigio nunca mais viu aqueles garotos e nem o borracheiro precisou procurar pela câmera com o furo. O furo foi dos meninos.
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2 Comentários
Que saudade de Condeúba com suas estórias, do Sr. Remigio então, a saudade é maior.
Amigo, você escreve como os melhores cronistas brasileiros. Parabéns e obrigado pelos textos.
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