À frente do indicador, está a cidade de Indaiatuba — que, com outras nove, representa São Paulo na lista das dez mais do país. No outro extremo, está Tremedal (BA), com o menor IFDM, de 0,3671. No município baiano, onde moram cerca de 17 mil habitantes, os poucos empregos formais estão basicamente na prefeitura e no comércio.
A vida nas cidades brasileiras melhorou, e muito, na última década. Em dez anos, o país mais do que dobrou o número de municípios com os níveis moderado e alto de desenvolvimento: de 30,3% (1.672 cidades) para 67,4% (3.719). No outro extremo, minguou a presença de municípios de baixo desenvolvimento, de 18,8% (1.039) para apenas 0,1% do total (6). Salto de qualidade que está no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) — que faz, a partir do tripé emprego e renda, saúde e educação, um retrato anual de todos os 5.565 municípios do Brasil e dá notas de 0 a 1 a cada uma deles (quanto mais perto de um, melhor).
Com transformações movidas por uma economia aquecida, o Brasil encerrou 2010 com um IFDM de 0,7899 — nota 32% acima dos 0,5954 de 2000. Mas, como o índice faz um perfil olhando pelo retrovisor, o cenário de agora já não é o mesmo de outrora. Especialistas dizem que esses avanços, conquistados por um mercado de trabalho em ebulição, fiquem estacionados — ou regridam — em decorrência de uma crise global que já fez estragos no Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto de bens e serviços produzidos no país) de 2012, levando analistas a prever crescimento em torno de 1% este ano.
— O Brasil retornou à trilha do desenvolvimento em 2010, após a crise de 2009. Em 2010, o país cresceu 7,5% e gerou mais de 2 milhões de empregos formais — disse Guilherme Mercês, gerente de Estudos Econômicos da Firjan.
Tamanho progresso pode ser interrompido por causa da crise global, prevê o economista da Firjan. Entretanto, ressalta, não se trata de uma reversão das conquistas dos brasileiros.
— Frente a 2010, o IFDM de emprego e renda deve ter uma pequena redução tanto em 2011 quanto em 2012, refletindo a desaceleração da economia e, consequentemente, da geração de postos de trabalho. Vale ressaltar que essa redução não deverá ser muito grande, já que será contrabalanceada pelo desempenho da renda, que se manteve com tendência de alta — disse ele, acrescentando que, a despeito da crise internacional e de perspectivas de um PIB fraco, o desemprego ficou em patamares baixos, trazendo novos recordes.
À frente do indicador, está a cidade de Indaiatuba — que, com outras nove, representa São Paulo na lista das dez mais do país. No outro extremo, está Tremedal (BA), com o menor IFDM, de 0,3671. No município baiano, onde moram cerca de 17 mil habitantes, os poucos empregos formais estão basicamente na prefeitura e no comércio.
‘País precisa reduzir desigualdades’
Dos três indicadores que compõem o IFDM, o de emprego e renda foi o que mais cresceu em 2010 ante 2009. Subiu 8,6%, para 0,7914 pontos. Em educação, o avanço foi de 2,5%, chegando a 0,7692. Já na saúde a melhora foi mais tímida, de 0,9%, para 0,8091. Ipojuca (PE), pelo segundo ano seguido, levou nota máxima no mercado de trabalho. E empatou com a distante Araucária, no Paraná. No outro extremo, aparece Pajeú do Piauí (PI). E vale destacar Porto Velho, que manteve o primeiro lugar entre as capitais, em função dos empregos de Jirau e Santo Antônio.
— Na década, o Nordeste foi a região que mais evoluiu: com 97,8% das cidades avançando. E isso é um reflexo do mercado de trabalho. Ainda assim, 67% dos municípios apresentam IFDM baixo ou regular — disse Mercês.
Na leva de empregos de Ipojuca, o jovem Felipe Souza, de 18 anos, conseguiu seu primeiro emprego no estaleiro Promar em construção no complexo industrial portuário de Suape. Com o salário, vai ajudar o pai, que trabalha numa usina, e a mãe, ex-doméstica.
— Ajudo a construir andaimes. Não foi fácil arrumar trabalho, mas agora tenho como ajudar em casa — disse ele, à espera do primeiro salário, de R$ 748.
Com os avanços, quase cabe em uma só mão o número de municípios que têm baixo desenvolvimento no país. São seis cidades, do Norte e do Nordeste: Jordão (AC), São Paulo de Olivença (AM), Tremendal (BA), Bagres (PA), Porto de Moz (PA) e Fernando Falcão (MA). Além de serem cidades de difícil acesso, o grupo teve nota abaixo de 0,40 no indicador. Apesar de as cidades serem o local de moradia de cerca de 120 mil pessoas, representam só 0,1% dos municípios. Em 2000, o grupo era mais parrudo, com 18,8% das cidades.
— Esses municípios são um retrato de um Brasil sem desenvolvimento. São milhares de pessoas sem acesso a saúde, educação e mercado de trabalho. Apesar dos avanços, o país ainda precisa melhorar as suas desigualdade e garantir uma vida digna a todos — disse Guilherme Mercês, da Firjan.
Para José Cezar Castanhar, professor da Fundação Getulio Vargas, o empreendedorismo regional construiu polos de desenvolvimento pelo país, como de calçados e confecções. E esse dinamismo, associado a programas sociais agressivos, vem protegendo a economia de freios ainda maiores no PIB.
— A economia precisa reagir. Se 2013 não se confirmar como ano da virada, os ganhos sociais ficarão sob pressão e podem até recuar — disse Claudio Dedecca, professor da Unicamp.
Fonte: O Globo
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