O governador Jaques Wagner anunciou em Camaçari, neste sábado (12), primeiro dia da V Conferência Estadual de Cultura da Bahia, que irá se reunir com representantes da classe artística para discutir o pagamento de projetos em aberto financiados pelo Fundo de Cultura da Bahia (FCBA). Na ocasião, Wagner recebeu uma carta com reivindicações da classe artística. Em resposta às solicitações, o governador garantiu que irá manter o orçamento inicialmente previsto para 2014, de R$ 41 milhões.
Devido ao contingenciamento pelo qual passa o Estado, havia sido anunciada a redução para R$ 32 milhões. “Eu concordo que cultura, como dito na carta, é alimento, é saúde, é identidade de um povo e, portanto, a gente tem que efetivamente promover e patrocinar mais a cultura. E, por isso, estou assumindo o compromisso de honrar a previsão inicial dos recursos para o Fundo de Cultura 2014”.
A mesa foi composta ainda pelo ministro da Cultura em exercício, Marcelo Pedroso, secretário executivo do Ministério da Cultura (MinC), pelo secretário da Cultura da Bahia, Albino Rubim, pelo deputado Estadual Álvaro Gomes, e pelo secretário de Cultura de Camaçari, Vital Vasconcelos.
V Conferência Estadual de Cultura
A V Conferência Estadual de Cultura da Bahia, que acontece até domingo na Cidade do Saber, em Camaçari, tem como tema Uma política de estado para a cultura: desafios do Sistema Estadual de Cultura, e será marcada pela eleição de 20 novos conselheiros de cultura (10 titulares e 10 suplentes), que assumem o cargo no próximo ano.
O evento foi construído com a participação dos municípios, incluindo também as comunidades rurais, quilombolas e indígenas. “Vamos refletir juntos, governo e sociedade, sobre o que precisa ser feito nos próximos anos para o desenvolvimento de cada território, em cada cidade da Bahia”, falou o secretário Albino Rubim para uma plateia formada por mais de 500 pessoas, destacando a importância de uma política de cultura a longo prazo. “A Bahia fez 358 conferências municipais, 27 eventos territoriais e 26 setoriais”, pontuou o gestor da pasta.
Público
A mesa de abertura, composta no período da manhã, foi mediada pelo ator Pisit Mota. Enquanto convocava os convidados a subir ao palco, o artista foi surpreendido por membros da plateia que questionavam o fato de nenhuma mulher estar presente na cerimônia inicial da Conferência Estadual de Cultura.
O pedido do público foi atendido, sendo chamada a diretora do Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI), Arany Santana, que, após um breve pronunciamento em tom de gratidão, cedeu seu lugar para Nádia Acauã, indígena tupinambá do Território Sul da Bahia e ex-conselheira de Cultura do Estado da Bahia.
Nádia Acauã defendeu o respeito às diferentes culturas e o direito à diversidade na Bahia. Entoou um cântico indígena, ressaltou a necessidade de valorizar as manifestações do povo negro e clamou por eleição que faça com que o Conselho Estadual de Cultura tenha membros que representem a diversidade cultural da Bahia. “O Conselho precisa ter a cara da Bahia, e não apenas de Salvador”, disse.
Já o deputado Álvaro Gomes, que preside a Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia e Serviços Públicos da Assembleia Legislativa da Bahia, aproveitou a oportunidade para ressaltar que o poder público precisa pensar em uma política de Estado que encare a cultura de uma forma ampla, voltada para o desenvolvimento humano. “Defendo a cultura de inclusão social, a cultura da paz que faz com que todos possam viver com dignidade”, assinalou.
O secretário de políticas culturais do Ministério da Cultura (MinC), Américo Córdula, destacou a necessidade de mais sensibilidade às culturas indígenas e africanas, que ainda são vulneráveis em decorrência do processo histórico de colonização do Brasil. “É preciso uma cultura de sustentabilidade para esses povos”, enfatizou. Córdula destacou que na atual gestão da SecultBA houve a criação da Lei Orgânica de Cultura da Bahia (12365/11), considerada um eficaz instrumento de construção de políticas culturais.
Fonte: SECOM/Bahia
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