Por: Décio Pereira

Numa noite fria do mês de maio de 1992, na AABB de Condeúba, foi realizado o meu casamento.

A princípio, a cerimônia estava marcada para as 20 h, mas não sei o porque, as noivas tem essa mania de se atrasar para os casamentos e, no meu não diferente. Só que o atraso foi grande demais, quase duas horas.

É comum que algumas pessoas apareçam nessas festas sem jantar, até mesmo pelo horário ou pelo tempo que se gasta na auto arrumação. Joãozinho e Silvandira tem uma linda filha que se chama Joana. Menina caseira, muito educada e que dorme muito cedo. No meu casamento o Joãozinho e família compareceram e a menina Joana foi sem jantar. O tempo começou a passar, o local da cerimônia já estava cheio de convidados, muita movimentação e nada da noiva. Joana começou a sentir fome. – “Mamãe, tô com fome e com sono, quero comer e dormir” –  Joãozinho e Silvandira, meio sem graça, dizia no ouvido da menina: “Fica quieta senão você apanha quando chegar em casa e fica calma que daqui a pouco vão servir o que comer.”

O tempo passava, o frio acochava e a fome da pequena Joana aumentava. – “Painho, tô com fome.” – E tome beliscão na menina. – “Fica quieta, senão não lhe trago mais em festa.” – Falava Silvandira – “ A comida já vem.”

Lá pelas 22 h, para a alegria de Joana, a noiva chega. – Para a nossa alegria –  Coitada, mal sabia ela que ainda teria que esperar mais duas horas de relógio, até que a cerimônia religiosa acabasse e começasse a servir o objeto de seu desejo.

Foi durante a cerimônia, quase no final, que aconteceu o nosso caso.

Joana já estava dormindo e sonhando com comida e em determinado momento fez um grande silêncio, era hora de o Pastor rogar pelos noivos. Aquele silêncio, onde só as folhas se movimentavam e os lábios das pessoas tremiam por causa do frio. De repente, não mais que de repente, o silêncio foi quebrado por um barulho, um chiado de microfone, apelidado de microfonia, que fez: FIIIIIIIIIIIIIIIIIIUUUUUUUUUUUU –  Joana saltou da cadeira, morta de fome e cansaço pela longa espera e gritou para sua mãe: “MÃE, MAMÃE ! O QUE ESTÃO COZINHANDO NESSA PANELA DE PRESSÃO?