Por: Décio Pereira
Meu avô já dizia que “cabeça vazia é oficina do diabo”.
De cabeças vazias, sem nada pra fazer, jogando conversa fora, esperando tempo passar, Joquinha de Antonio de Herminio e Alisson estavam na AABB sábado à tarde, por volta das 2h. Barrigas cheias, aquela moleza de começo de tarde, o sol escaldante, um olhando pro outro e o outro olhando pra um… eis de repente, não mais que de repente uma sirene de ambulância quebra o silêncio e quando eles direcionam seus olhares para o portão principal da AABB, vêm uma ambulância passar a mil por hora. Alisson diz pro Joca: “Malandro, é acidente, vamos ver onde foi?” – Joca que de curioso não tem nada pouco, fofoqueiro formado pela faculdade da Pça Sto. Antonio(ô lugarzinho pra ter fofoqueiro e fofoqueira), de imediato aceita o convite.
Os dois montam na moto do Alisson e partem em disparada, o ponteiro do velocímetro colado no lado direito, vento no peito, o pega estava em andamento. Passaram pelas Queimadas e nada. Acelerador colado, passam por Piripá e nada. Parecia que o motorista da ambulância estava sabendo da perseguição, pois eles até ouviam o barulho da sirene, mas não viam nem a placa daquele bendito veiculo branco. Passaram por Tremedal e nada. Joca fala pro Alisson: “É bom a gente voltar, já tamo muito longe.” – Alisson retruca: – “Que nada, já viemos até aqui, vamo até o final.”
Passaram por Belo Campo e nada. Ambulância em velocidade máxima, sirene estridente e nossos projetos de heróis na cola. Segundo nossos marmanjos, eles desejam ajudar no resgate das vitimas. Passaram por Batuque e nada. Alisson fala: “Deve ter sido na Rio/Bahia, ali o trânsito é muito perigoso.”
Descambam pela Rio/Bahia, ávidos pela novidade(fuxico), nossos projetos de heróis vem a ambulância acender o pisca da esquerda, entrar para o Posto do Tabuleiro Baiana e parar. Eles colam a moto no fundo e o motorista sai. Eles arrancam seus capacetes e todos esbaforidos, falam, digo, gritam, quase em uma só voz: “UÉ, ONDE FOI O ACIDENTE?” – “POR QUE PAROU?”
O motorista da ambulância passa as mãos pelo cabelo, ajeita os óculos e dispara: – “Acidente? Vocês estão malucos? Estou levando uma senhora para ganhar criança em Conquista e como ela precisa chegar rápido, resolvi ligar a sirene, para que os carros abram passagem mais facilmente? – Mais… e vocês, o que fazem por aqui?
– Um olha pro outro e o outro olha pra um, aquele sorriso amarelo, totalmente sem nenhuma graça eles falam. “A GENTE PENSOU QUE ERA ACIDENTE E A GENTE QUERIA AJUDAR A NA PROCURA DOS CORPOS.”
O motorista passa as mãos pelo cabelo, desarruma os óculos e assustado fala: “ Ô louco! Ainda falam que Mauro é doido. Cruz credo, Deus me livre desses dois…”
Nossos projetos de heróis, agora indubitavelmente “paiaços”, montam na moto outra e vez e pega a estrada de volta. Lá pelas 8h da noite chegam a Condeúba. Mortos de fome e sede. Moto com o tanque vazio. Bolsos no prejuízo, param na AABB e contam o acontecido logo para Pretinho. Claro, pediram segredo e Pretinho cumpriu, ligando de imediato pra cá e fazendo dos “paiaços”, reis do fuxico, vitimas do próprio veneno.
De sábado para domingo os dois tiveram pesadelos, engraçado, em todos os pesadelos tinham sons de sirenes de ambulâncias. Dizem que eles pediram para suas esposas, que se algum dia eles sofressem algum acidente e precisassem de ambulância, que os deixassem morrer em paz, pois o som de ambulância para eles, seria mais mortal do que qualquer ferimento.
– “ VERDADEIROS P A I A Ç O S “
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2 Comentários
Kkkkkk, paiaço mas nossa intenção era só ajudar no resgate, kkkkk
Ddez guto deu de presente pra Alisson e Joca um curso de primeiros socorro no samu em vitoria da conquista…….kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk