Na era do selfie (autorretrato postado na internet), é cada vez mais fácil seguir os passos de um amigo, e até saber onde está um desconhecido.
A produtora de eventos Evelin Silva, 26, usa redes sociais, como Instagram, Facebook e Twitter, para exibir preferências e apresentar lugares que frequenta, cotidianamente, a possíveis clientes.
Segundo ela, a atitude auxilia no trabalho. “Expor minhas companhias e escolhas mostra que eu sou a melhor para fazer indicações de festas”, justifica.
A atitude de Evelin é cada vez mais comum, porém traz uma preocupação para especialistas em crimes virtuais.
A má escolha de uma postagem pode acarretar estelionato, delitos contra a honra e até roubos e sequestros.
Rodrigo Nejm, psicólogo e diretor de educação da SaferNet Brasil (organização não governamental que defende os direitos humanos na web), garante que, uma vez registrada na rede, as informações podem nunca ser apagadas.
Por isso, “todo cuidado é pouco”, alerta Nejm. Evitar expor os bens materiais, espaço interno da casa, placa do carro e dar pistas de ações diárias são algumas formas de se prevenir de ações indesejadas.
“Agora, se a pessoa for cautelosa e viajar para Paris, não vejo problema em compartilhar as imagens com os amigos”, diz o psicólogo.
Internet e educação
Uma pesquisa realizada em 2012/2013 pela Safernet, em parceria com a operadora de telecomunicações Global Village Telecom (GVT), apontou que 62% da população brasileira acessa a internet diariamente.
Cerca de 60% postam fotos pessoais, e um em cada quatro entrevistados já namorou virtualmente. Jovens entre 9 e 17 anos correspondem a 88% da pesquisa.
Para Vasco Furtado, doutor em informática e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a despreocupação com a exposição na internet é um reflexo da sociedade que valoriza os bens materiais.
Por esse motivo, o acompanhamento dos pais na educação dos filhos para a utilização das redes sociais torna-se um componente fundamental para minimizar os riscos de bullying e crimes cibernéticos.
Gestão
Todas as plataformas disponibilizam configurações que limitam o grau de exposição na rede. Mas o recurso é pouco utilizado, afirma Furtado.
“Apesar de trabalhoso, o exercício de gestão dos perfis das redes deveria ser realizado diariamente”, destaca.
O motivo? A administração ameniza o efeito, que a web possui, de multiplicação exponencial, o que possibilita que uma informação seja repassada centenas de milhões de vezes em minutos.
Com as opções oferecidas pelo Facebook, por exemplo, é possível separar grupos de amigos, conhecidos, colegas de trabalho e familiares. Ao postar, o usuário pode definir quem poderá visualizar a atualização.
Denuncie ameaças
Parte dos estados do Brasil possui um departamento destinado a crimes virtuais. Na Bahia, a Delegacia de Repressão ao Estelionato e Outras Fraudes (Dreof), da Polícia Civil, é a responsável pelas ocorrências do gênero.
Para denunciar ameaças é necessário reunir provas, como cópias de conversas via web e/ou registros telefônicos, que ajudem a identificar o autor do delito, explica Joel Alves, subinspetor da Delegacia Especializada em Crimes Cibernéticos de Belo Horizonte, Minas Gerais.
O investigador alerta, ainda, para a importância da acusação antecipada e precisa. “Muitas pessoas têm vergonha de confessar que são vítimas de calúnia, injúria e difamação, e correm um sério risco”, frisa.
Fonte: Atarde
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