Por Wolmar Carregozi
Para determinar as diferenças entre essas viroses o ideal é se fazer um diagnóstico por exclusão.
Apesar de já ser um tema bem desgastado, muitas pessoas ainda não conseguem entender o que está se passando em nosso país com relação às questões da saúde. Doenças aparecem a cada dia, como que surgidas do nada.
Bem, a verdade é que essas doenças não são novas, apenas reapareceram devido às condições favoráveis criadas pela própria população e pelos nossos administradores políticos que, ao longo do tempo, deixaram de tomar atitudes que, certamente, se tivessem sido adotadas no passado, hoje não estaríamos sofrendo as consequências de sua omissão.
Estamos falando de intensificação de pesquisas, investimentos em tecnologia científica, esclarecimento popular através de campanhas práticas e efetivas, etc.
Com o avanço da ciência e da tecnologia médica, bioquímica e farmacêutica a tendência é que testemunhemos ainda mais o aparecimento dessas “novas” doenças. Na realidade, de novo o que elas têm é apenas o diagnóstico, que antes não era fechado.
Enquanto não se consegue um diagnóstico a medicina vai rotulando em seus atestados de óbito a causa final em que culminaram tais patologias: insuficiência respiratória aguda, pneumonia, falência múltipla de órgãos, etc.
Hoje, estamos diante de quatro dessas viroses, que foram identificadas como dengue, zika, chicungunya e gripe H1N1.
Para saber a diferença entre elas é conveniente que se faça um diagnóstico por exclusão. Por exemplo, se o indivíduo está com sintomas gripais, é importante saber se estamos diante de uma gripe ou um resfriado. Se os sintomas são puramente na parte superior do aparelho respiratório (tosse seca, febre baixa, ou sem febre, coriza, congestão nasal, espirros), configurando um quadro mais brando, certamente, estaremos lidando com um resfriado.
Na gripe (e aqui se inclui a H1N1) os sintomas vão muito além de um resfriado comum. A sintomatologia é mais expressiva, o comprometimento do aparelho respiratório inferior é marcante, podendo resultar em complicações mais graves, tais como, insuficiência respiratória, que podem até mesmo evoluir para o óbito.
Nesta virose também se destacam febre alta, cefaleia (dor de cabeça) intensa, tosse produtiva (com secreção abundante), dores no corpo, queda de estado geral, coriza e congestão nasal mais evidentes. No caso da H1N1, a principal causa de morte é a insuficiência respiratória.
Desta forma, identificado o caso de resfriado ou gripe, descartamos as demais viroses.
Ainda fazendo o diagnóstico por exclusão, se estamos diante de um quadro “gripal” com febre baixa, ou sem febre, só vamos decidir entre resfriado e zika. Se tem espirros, descartamos a zika. Mas, se o paciente apresenta muita coceira (prurido) e manchas vermelhas bem pronunciadas no corpo, então, teremos aí fortes indícios de zika. Febre alta, dor no corpo importante, manchas vermelhas e prurido moderados e dor atrás dos olhos falam a favor de dengue. Mas, se esses mesmos sintomas aparecem acompanhados de dor extrema nas articulações, ao ponto de limitar os movimentos do paciente, neste caso, a suspeita recai sobre a chicungunya.
Em todos esses casos é necessário que o paciente procure ajuda num serviço médico (pronto atendimento), até porque em grande parte das vezes é necessário optar pela hidratação venosa e medicação de uso hospitalar (analgésicos e antinflamatórios), até a estabilização do quadro clínico.
A automedicação, em qualquer situação, é altamente contraindicada, uma vez que poderemos agravar a doença ou retardar o processo de cura. A supervisão médica é importante também pela questão social, pois, todas essas viroses são de notificação compulsória.
*Wolmar Carregozi – é ginecologista, obstetra, clínico geral e médico do trabalho; Auditor em Saúde e Segurança do Trabalho; Auditor em Sistemas de Saúde de Autogestão. É editor, moderador e supervisor do Blog Acessemed.com.br
Fonte: Blog da Resenha Geral
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