O indígena Domingos Santana, de 75 anos, voltou a enxergar nesta terça-feira, 19, exatamente quando se comemora o Dia do Índio. Ele passou por uma cirurgia de catarata e voltou a ver a luz do sol depois de cinco anos de cegueira total. Morador da aldeia Nova Coroa, no bairro Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália, Sul da Bahia, ele conta que não via nada.
Ele só conseguiu o tratamento pelas mãos da Organização Voluntários do Sertão, que desde segunda-feira, 18, atende pessoas carentes, incluindo indígenas de várias aldeias em Santa Cruz Cabrália. São cerca de 400 voluntários que devem atender cerca de 30 mil pessoas em cinco dias.
“Agora a minha vida vai mudar. Consigo ver as pessoas de novo. Nossa, ela é baica”, disse, olhando para uma das repórteres. E explicou em seguida que o termo, em sua língua, significa bonita. Logo depois ele repetiu a palavra para uma de suas noras, que chegou com o filho Parapati, ou Benedito Gonçalves Santana, nome de registro civil.
Aliás, foi o filho quem insistiu para que ele passasse pela cirurgia. “Ele estava com medo de fazer, mas nós o convencemos e agora volta a enxergar. É uma alegria muito grande”, disse Parapati. “Só conseguimos pelos Voluntários do Sertão. Até fomos a um médico, mas ele pediu R$ 10 mil para fazer a cirurgia e não tínhamos como pagar”.
O pai nem conseguia expressar exatamente o que sentia logo depois de sair da cirurgia. Mal conseguiu contar como pensa ter perdido a visão. “Eu gostava muito de caçar e, no mato, as teias de aranha passavam nos meus olhos. Fui perdendo a visão aos poucos”, disse.
Outra cirurgia
Um pequeno índio, desta feita de 12 anos de idade, também passará por cirurgia, pelas mãos de médicos voluntários. Portador de mielomeningocele, o que o colocou em uma cadeira de rodas, Acauã Pataxó, ou Mateus (nome civil) tem outro problema, o dos testículos para dentro ou não descidos. É para resolver este problema é que ele vai passar por cirurgia.
“Era para ele ter feito o tratamento há tempos, porque os médicos dizem que há possibilidade de se transformar em tumor. Mas nunca tivemos acesso à cirurgia”, disse Taquarina Pataxó, mãe de Acauã. “Sempre houve muita demanda pelo tratamento, mas os índios acabam ficando por último. Agora vamos conseguir”, reclamou Taquarina.
Fotos: Guto Silveira
Fonte: Revide
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