Escutamos muito falar em orientação vocacional. Mas nem sempre uma orientação vocacional decide a vida de um adolescente, muitos vão a busca para ter uma luz, ou uma noção daquilo que quer estudar, ou se tem alguma afinidade com aquele curso. A orientação vocacional é destinada a adolescentes que têm dúvidas sobre qual profissão escolher (tanto cursos universitários quanto técnicos) ou para quem iniciou um curso de graduação, mas desistiu ou está desistindo.
Na fase de adolescência, após a pessoa terminar o colegial (antigo 2º grau), é comum existir dúvida em qual curso superior matricular, muitas colocações são feitas meio que equivocadas ao dizer que essa insegurança, dúvida é em função da idade, quando não tem nada haver uma coisa com a outra, pois sabemos que existem pessoas adulta independente de idade que termina o colégio e surge à mesma dúvida. Então, concluímos que essa dúvida é oriunda da quantidade de opções de cursos existentes no mercado, uma vez que nem sempre, fazer uma boa escolha num curso superior à pessoa vai se realizar.
O trabalho do Orientador Profissional, dentro de uma instituição de ensino, tem como ponto de partida a necessidade, cada vez mais premente, de facilitar a realização de uma escolha profissional o mais satisfatória possível. Com isso, quer se salientar o fato de que a escolha de uma profissão é algo que vem angustiando milhares de jovens que, todos os anos, são levados a tomar uma decisão que poderá afetar sua vida, ou pelo menos, boa parte dela. E não só a sua vida, como também a de sua família, a da instituição que o recebe para a preparação profissional e o funcionamento desta instituição dentro de uma perspectiva social mais ampla.
Assim, quando uma pessoa está às voltas com uma série de dúvidas com relação ao seu futuro e à sua sobrevivência, todo um contexto deve ser levado em consideração. O jovem, dentro da escola, deve ter a possibilidade de se confrontar com alguns aspectos da vida profissional que poderá ou não seguir; para tanto, parte-se do pressuposto levantado por Levenfus (1997) de que, no trabalho da escolha da profissão, a sensibilização para o momento vivido pelo adolescente dentro desse contexto social mais amplo tem de ser levado em consideração. Com isso, salienta-se aqui a necessidade de situar a escolha levantando os seguintes aspectos:
-
Nível de informação que o adolescente tem sobre o mundo à sua volta;
-
O contexto sócio – político no qual está inserido;
-
Suas condições reais de escolha;
-
Seu autoconhecimento e a relação que isto tem com a escolha de uma profissão;
-
Sua família e a influência que ela exerce sobre a escolha;
-
As possibilidades e as dificuldades emocionais e materiais para a tomada de decisões ;
-
A instituição onde este jovem está inserido e como ela pode facilitar o seu crescimento.
Com esta introdução, dá-se início a uma série de questões que tratam da relevância do papel do Orientador Profissional.
QUESTÕES RELEVANTES
-
A primeira delas é a da necessidade de aproximação do adolescente com o significado do trabalho na vida das pessoas, uma vez que, na maioria das vezes, o jovem vê o trabalho como algo abstrato e distante da sua realidade;
-
A segunda, é a da possibilidade e o dever que o profissional de orientação tem em tentar ampliar o campo de conhecimento facilitando o autoconhecimento para os jovens com os quais trabalha, oferecendo um leque de informações sobre o mundo profissional com base na sociedade onde ele vive;
-
A terceira questão a ser levada em consideração é o do mercado de trabalho, do momento econômico vivido, da história da cultura onde se insere este processo de escolha e da necessidade de confrontar os adolescentes com estes aspectos;
-
A quarta questão é a importância da família no processo de escolha profissional, seu histórico (formação dos pais, seus desejos frente a este filho, suas possibilidades sócioeconômicas);
-
A quinta questão é importância da formação profissional do orientador e seu próprio processo de escolha, o que envolve a sua percepção da profissão que exerce e sua satisfação quanto a ela;
-
A sexta questão é a da instituição educacional onde o orientador trabalha e sua concepção sobre o papel dele no processo de escolha profissional;
-
A sétima questão a ser considerada é a do momento vivido pelos adolescentes de forma geral, suas expectativas frente à sociedade, suas angústias, suas facilidades, sua maturidade, seus desejos e suas possibilidades.
Em relação a esse aspecto podem ser citadas aqui as colocações de alunos da 8ª Série do Ensino Fundamental quando trabalhados sobre a escolha da profissão:
“De acordo com os preceitos da sociedade, a realização profissional está ligada ao bem – estar financeiro. Acho que não é só isso.”
“Quando a gente faz com amor, surge a oportunidade e a gente acaba se dando bem”
“Você pode ter seu ideal, mas ninguém age assim. Abrir mão da questão financeira é difícil”.
Além disso, ainda houve as seguintes colocações com relação à dificuldade de escolher uma profissão:
“O que eu quero ?…Fica uma dúvida.”
“Como vou escolher um curso se eu nem quero fazer vestibular?”
Essas frases foram obtidas a partir de uma processo de sensibilização realizado com alunos da 8ª série do Ensino Fundamental no ano de 1998 para a escolha na vida das pessoas, suas possibilidades e suas dificuldades e já demonstra uma articulação do desejo com a realidade, o que ressalta um nível de maturidade quanto à escolha e a relação com sua vida.
No momento vivido por esses alunos, há um contato maior com as angústias que envolvem o ato de escolher sendo feita uma reflexão sobre os ganhos e perdas que cada escolha envolve. Antes desse momento, esses alunos passaram por outras preparações quanto ao mundo do trabalho e suas diversas possibilidades e dificuldades, desenvolvido nas séries anteriores. Nas séries seguintes, há um trabalho mais aprofundado quanto ao autoconhecimento e a informação profissional e, posteriormente, a tomada de decisão.
O SERVIÇO DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E OS ALUNOS
Este trabalho é desenvolvido como parte do programa de Orientação promovido pelo Serviço de Orientação Educacional (SOE). Vê-se que o trabalho acima citado é uma etapa de todo um processo que se faz ao longo dos anos desde que o aluno entra na escola, Poe exemplo o Colégio de Aplicação da UFPE desde a entrada até saída, seja para a área das profissões de nível pós-médio, seja para cursos de nível superior. Dessa forma, os questionamentos levantados pelos alunos trazem à tona uma reflexão sobre como os jovens se situam frente ao mundo e sua forma de se inserirem nele. A angústia, a dúvida, a certeza, a impaciência, o desejo de que a solução chegue como um passe de mágica são sentimentos expressos por palavras e atitudes desses jovens.
Por todos os aspectos levantados acima, o desenvolvimento da orientação profissional dentro das instituições educacionais faz-se imprescindível e exige um planejamento, uma atualização constante, um olhar mais aprofundado para as informações sobre o mundo do trabalho e sobre as exigências do mercado de trabalho, o contato com as famílias e a participação delas nesse processo, o debate, a promoção de palestras e visitas a centros profissionalizantes e universitários, a reflexão e a sensibilidade para relacionar esses aspectos com os sentimentos desses jovens que buscam uma orientação.
Dentro da perspectiva do planejamento, o SOE do Colégio de Aplicação desenvolve um trabalho ( que não se restringe unicamente ao da Orientação Profissional) que se inicia na 5ª Série do Ensino Fundamental e vai até a 3a Série do Ensino Médio, sendo que da 5a ao 2o ano, há encontros semanais em sala de aula e, com relação ao 3º ano do Ensino Médio, são realizados atendimentos avulsos com os alunos quando da necessidade dos mesmos. Para tanto, este serviço é composto por duas Psicólogas e três Pedagogas.
AVISO: O conteúdo de cada comentário é de única e exclusiva responsabilidade do autor da mensagem.