As desvantagens e consequências de regulamentar o ensino em casa

O projeto de lei que regulamenta o ensino em casa na visão de especialista, existe desvantagens e consequências, o projeto do Governo Federal é um retrocesso ao avanço da educação no Brasil. Estamos voltando aos anos 60 e bem antes, quando os pais nas fazendas contratavam professores leigos para ensinar os filhos em suas residências, mas nessa época algumas regiões não existiam escolas, que é o contrário de hoje, que o Estado e Municípios são obrigados a oferecer a educação básica.

“Crianças precisam da presença de outras crianças para que seu desenvolvimento seja saudável e elas criem empatia. Adolescentes começam uma jornada pela sua identidade e encontram isso em grupos e tribos com prazeres parecidos. Até os Adultos precisam de inteiração social como amizade durante a vida adulta para ajuda a afastar sentimentos de solidão”. Explica Valdivino Sousa Matemático, Pedagogo e Psicopedagogo.

A regulamentação do ‘homeschooling’ ou educação domiciliar era uma das metas do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para os 100 primeiros dias de seu governo, isso desde a sua campanha. Nesta quarta-feira (11) o presidente Jair Bolsonaro assinou o projeto de lei que pretende regulamentar a educação domiciliar no Brasil. Antes de entrar em vigor, o texto precisa tramitar no Congresso, mas Bolsonaro já assinou um o decreto que institui a Política Nacional de Alfabetização e estabelece as diretrizes para as futuras ações e programas.

Entenda o método de Educação

A educação domiciliar é uma modalidade de
ensino em que pais ou tutores assumem o processo de aprendizagem das
crianças, ensinando a elas os conteúdos ou contratando professores
particulares. No entanto, não havia regras para a prática até então.

A Associação Nacional de Educação
Domiciliar (Aned), estima que sejam 7,5 mil famílias ou cerca de 15 mil
estudantes que praticam este tipo de ensino. Em comparação, foram
registradas 48,5 milhões de matrículas nas 181,9 mil escolas de educação
básica do país, segundo o Censo Escolar 2018 divulgado pelo Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Assim dizem a legislação: No artigo 205, a
Constituição trata a educação como um “direito de todos e dever do
Estado e da família”, a ser “promovida e incentivada com a colaboração
da sociedade”. O objetivo é o “pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho”. O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que os menores
tenham “acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência”.
Assim, deixar de matricular crianças na escola poderia ser interpretado
como abandono intelectual.

A importância de terem as crianças na escola regular

Dos 2 até por volta dos 7 anos, Piaget
 classificou como Estágio simbólico, ou seja, na fase de alfabetização o
pensamento da criança está centrado é um pensamento egocêntrico. E é
nesta fase que se apresenta a linguagem, como socialização da criança,
que se dá através da fala, dos desenhos e das dramatizações por isso
existe a desvantagem de impedir a criança a interagir com o mundo e o
externo.

Nessa fase de alfabetização elas entram
em um contexto no qual vão poder lidar de igual para igual, o que não
acontecia dentro de casa. Eles constroem suas próprias regras, colocam
limites entre si e criam ambientes de cooperação quando decidem fazer
juntos. Tudo isso é essencial para o desenvolvimento delas.

Na escola, as crianças aprendem a dividir
a atenção do adulto — nesse caso, o professor — com outras crianças e
começam a considerar o lugar do outro.

Conforme eles crescem, começam a formar
sua identidade e a questionar a sua dependência. Na adolescência, somos
questionadores e inconformados com as limitações estabelecidas para quem
ainda é menor de idade. Essa fase costuma ser um desafio para os pais.
Mas não podemos esquecer que para os adolescentes também é difícil. Por
isso, é fundamental que eles encontrem seus grupos.

Segundo Valdivino Sousa “dos 7 até por
volta dos 11, a criança ainda continua bastante egocêntrica, ainda tem
dificuldade de se colocar no lugar do outro. E a predominância do
pensamento está vinculado mais acomodações do que as assimilações, a
necessidade de inteiração é para aprender os limites, desenvolvimento
físico e emocional. Tudo que a criança vivenciou nessa faze que vai por
volta dos 11 anos até a vida adulta, é uma fase de transição, de criar
ideias e hipóteses do pensamento. A linguagem tem um papel fundamental
para se comunicar”.

O que é o homeschooling, a educação domiciliar?

Na educação domiciliar a responsabilidade
da escola é transferida para a família. Crianças e jovens são educados
em casa com o apoio de adultos responsáveis, sejam eles familiares ou
tutores. O tema é polêmico, em alguns países como Estados Unidos e
Canadá a prática é adota, em outros como a Suécia, é considerado crime.

Como funciona na prática?

Não existe um modelo único. Há casos em
que os próprios pais assumem o papel de ensinar os filhos. Em outros,
professores particulares são contratados como tutores desse processo.
Cursos complementares também podem ser usados como ferramentas para a
aprendizagem. Para Ricardo Dias, presidente da Aned, “educar em casa é
treinar o filho para aprender.  Os pais não precisam saber todo o
conteúdo para educar em casa, e sim saber ajudar seus filhos a buscarem o
conhecimento”. Mas especialistas discorda dessa prática, pois impedem o
convívio das crianças com o mundo externo,

Com relação ao conteúdo, as crianças e os
jovens que estudam em casa, por não ter uma regulamentação nesse
sentido, não seguem necessariamente o conteúdo das escolas. A
aprendizagem também varia conforme os assuntos de interesse das crianças
e jovens.

Por que a necessidade da educação oferecida pelo Município Estado?

Por que ajuda a reafirmar a identidade e
lidar melhor com os problemas. Em geral, eles podem estar passando pelos
mesmos desafios. Se você é pai e tem preocupações com isso, vale a pena
estimular encontros saudáveis.

O projeto de regulamentar a Educação em
casa, deixa um leque de questionamentos principalmente pelas classes
mais pobres, sabemos que essa população não têm condições de contratarem
professores capacitados, bem como ter uma estrutura em casa para
oferecer aos seus filhos uma educação de qualidade. Por outro lado é um
método antigo, que não irá dar certo no Brasil, pois os pais que têm
condições já o mantém seus filhos em bons colégios particulares.

“Privar as crianças de fazer amigos,
seja, na escola ou no bairro, no futuro elas podem ter várias
consequências dentre as quais: dificuldade no desenvolvimento
psicossocial, timidez, insegurança, medo, dificuldade de aprendizagem,
dificuldade de socialização, dificuldade de inteiração com o externo, ou
seja, com as outras crianças e adultos
. Além de desenvolver outros transtornos na vida adulta”. Explica Valdivino Sousa.

Como todos sabem o convívio social, em todas as fases da vida é de suma importância, no caso da educação em casa, nada impede dos pais contratar um professor em sua área específica para dar um reforço em determinada matéria, como de costume reforço em Matemática, Física, Química, ou língua Portuguesa, isso já existe. É desnecessário regulamentar um projeto de Lei, sabendo que não vai vigorar na prática, pois os pais que têm condições financeiras já colocam seus filhos em escolas particulares. E outra questão é como ensinar para os filhos o conteúdo exigido pela legislação, como contratar uma equipe de professores para lecionar em casa? Será que o Município, ou Estado irá fiscalizar, bibliografia de livros didáticos, e quem irá emitir o Certificado e histórico com carga horária de alfabetização, ou ensino fundamental?  Este projeto do Bolsonaro desde a sua campanha já era  polêmico e questionado.

Valdivino Sousa

Valdivino Sousa é Professor, Matemático, Pedagogo, Contador, Bacharel em Direito, Psicanalista e Escritor. Criador do método X Y Z que facilita na aprendizagem de equação e expressão algébrica com objetos ilustrativos. Autor de mais de 15 livros e têm vários artigos publicados em revistas e jornais. É programador Web e editor do blog Valor x Matemática Computacional, Produtor de Conteúdo e Colunista Mtb 60.448. Semanalmente escreve para o portal D.Dez, R2 Nacional e Opa! Já Publiquei, sobre: Comportamento, Educação Matemática e Desenvolvimento da Aprendizagem. Site: https://www.matematicosousa.com.br E-mail: valdivinosousa.mat@gmail.com Cel Whatsap: 11–9.9608-3728
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UM Comentário

  • Agnério Evangelista de Souza disse:

    Não dá certo no Brasil essa mania de querer que os filhos cursem o Ensino Fundamental em casa. Não estamos mais no século XIX. Existem as escolas públicas e privadas para isso. Em casa, os pais são responsáveis em ensinar a tarefa da escola. Toda criança, jovem ou adolescente precisa estudar em casa. Atividades escolares por duas horas, duas hora para brincar. Na escola há a socialização, a amizade, as brincadeiras, o amor dos professores que é próprio para o desenvolvimento intelectual, físico, moral e religioso do aluno.

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