Resumo: O síndrome neurobiológico conhecido como Transtorno do Déficit de Atenção com a Hiperatividade (TDAH) trata-se de uma desordem neurobiológica que é caracterizada pela existência de problemas relacionados à atenção, agitação motora e impulsividade. O transtorno nasce com a pessoa e já aparece na primeira infância, quase sempre acompanhando por toda a sua vida. O que diferencia numa criança normal em relação a uma criança com essas características que possui o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade?
Palavras-Chave: Transtorno de déficit de atenção, hiperatividade, TDAH.
Introdução
O TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade foi um dos assuntos bastante discutidos nos últimos anos por estudiosos, pesquisadores, educadores e demais profissionais da área da saúde. Uma área que busca intervenções adequadas para avaliar os problemas causados pelo TDAH é a Psicopedagogia, pois é ela que dar um suporte específico para as causas, sintomas, critérios para diagnóstico, e algumas possíveis intervenções psicopedagógicas.
Conhecendo o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
Presenciamos muito em nosso dia-a-dia que uma criança é hiperativa em virtude do seu comportamento inquieto e agitado, mas é super importante sabermos diferenciar uma criança que apresenta comportamento normal de sua faixa de idade, de uma criança que possui o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. O TDAH é uma desordem neurobiológica que é caracterizada pela existência de problemas relacionados à atenção, agitação motora e impulsividade. É importante citar que esses sintomas são mais severos e freqüentes do que aqueles apresentados por outros indivíduos da mesma faixa etária. O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um dos mais freqüentes distúrbios que ocorrem em crianças.
Quais são as características e sintomas da pessoa que tem TDAH?
O Transtorno é causado por um mau funcionamento da neuroquímica cerebral. Ainda não foi descoberto o mecanismo exato, porém estudos confirmam que há uma alteração metabólica, principalmente na região pré-frontal do cérebro, principal reguladora do comportamento humano. Este transtorno é considerado uma doença relacionada à essência de produção de determinados neurotransmissores que são substâncias produzidas em maior ou menor quantidade no sistema nervoso central e regula o funcionamento do mesmo.
O TDAH se caracteriza por uma combinação de tipos de sintomas:
Forma Desatenta – A criança apresenta, pelo menos seis das seguintes características:
– Dificuldade em manter a atenção;
– Corre sem destino ou sobe excessivamente nas coisas;
– Distrai-se com facilidade, “vive no mundo da lua”;
– Não enxerga detalhes ou comete erros por falta de cuidado;
– Parece não ouvir;
– Dificuldade em seguir instruções;
– Evita/não gosta de tarefas que exigem um esforço mental prolongado;
– Dificuldade na organização;
– Frequentemente perde ou esquece objetos necessários para uma atividade;
– Esquece rápido o que aprende.
Forma Combinada ou Mista – É caracterizada quando a criança apresenta os dois conjuntos das formas hiperativa/impulsiva e desatenta. Existem ainda outros critérios que devem ser levados em conta, tais como:
– Persistência do comportamento há pelo menos seis meses;
– Início precoce (antes dos 7 anos);
– Os sintomas têm que ter repercussão na vida pessoal, social ou acadêmica;
– Tem que estar presente em pelo menos dois ambientes;
– Freqüência e gravidade maiores em relação à outras crianças da mesma idade;
– Idade de 5 anos para diagnóstico.
Hiperatividade-impulsividade
A Hiperatividade é uma deficiência neurobiológica de origem genética é um descontrole motor acentuado, que faz com que a criança tenha movimentos bruscos e inadequados, mudanças de humor e instabilidade afetiva. O TDAH na infância em geral se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como “avoadas”, “vivendo no mundo da lua” e geralmente “estabanadas” e com “bicho carpinteiro” ou “ligados por um motor” (isto é, não param quietas por muito tempo). Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites. Em adultos, ocorrem problemas de desatenção para coisas do cotidiano e do trabalho, bem como com a memória (são muito esquecidos). São inquietos (parece que só relaxam dormindo), vivem mudando de uma coisa para outra e também são impulsivos (“colocam os carros na frente dos bois”). Eles têm dificuldade em avaliar seu próprio comportamento e quanto isto afeta os demais à sua volta. São freqüentemente considerados “egoístas”. Eles têm uma grande freqüência de outros problemas associados, tais como o uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão.
Forma Hiperativa/Impulsiva – É caracterizada por pelo menos seis dos seguintes sintomas, em pelo menos dois ambientes diferentes:
– Dificuldade em permanecer sentada ou parada;
– Corre sem destino ou sobe excessivamente nas coisas;
– Inquietação, mexendo com as mãos e/ou pés, ou se remexendo na cadeira;
– Age como se fosse movida a motor, “elétrica”;
– Fala excessivamente;
– Dificuldade em engajar-se numa atividade silenciosamente;
– Responde a perguntas antes mesmo de serem formuladas totalmente;
– Interrompe frequentemente as conversas e atividades alheias;
– Dificuldade em esperar sua vez (fila, brincadeiras).
Diagnóstico e Tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
O diagnóstico é um processo de múltiplas facetas e de avaliação ampla. É preciso estar atento à presença de sintomas que são concomitantes a outros transtornos (comorbidades). Ansiedade, depressão e certos tipos de problemas de aprendizagem causam sintomas semelhantes aos provocados pelo TDAH. O mais importante é se fazer um cuidadoso histórico clínico e desenvolvi- mental, onde se inclui dados recolhidos de professores, pais e de adultos que interagem de alguma maneira com a criança avaliada, um levantamento do funcionamento intelectual, social, emocional e acadêmico e exame médico, geralmente neuropediatra, bem como testes psicopedagógicos e neurológicos. A questão é complexa e envolve fatores macro-estruturais e não apenas individuais. Este assunto demonstra ainda não haver consenso científico, existindo muitas lacunas a serem preenchidas com pesquisas mais abrangentes, que considerem as diferenças sociais e culturais. A análise da literatura sobre esse transtorno, aponta dificuldades para o diagnóstico e intervenção com crianças consideradas portadoras de T.D.A.H., devido à falta de clareza e sua delimitação frente a outros quadros com sintomas semelhantes, não existindo também estudos consistentes a cerca das futuras conseqüências do uso de medicação.
O tratamento de crianças com TDAH supõe intervenção psicológica, pedagógica e médica, sendo esta a questão central para o psicopedagogo, além de técnicas de mudança de comportamentos. Uma abordagem que envolva todas as áreas inclui: treinamento dos pais em controle do comportamento; um programa pedagógico adequado; aconselhamento individual e para a família (quando necessário) e medicamento (quando necessário).
Acreditamos que o sucesso na sala de aula pode exigir uma série de intervenções. A maioria destas crianças pode permanecer na classe regular, com pequenas intervenções no ambiente estrutural da escola, modificação de currículo e estratégias adequadas à situação. Somente crianças com problemas muito mais sérios podem exigir sala de aula especial. Mas, antes de tudo, é necessário encaminhar o portador de TDAH para um tratamento adequado, pois é um transtorno que tratado adequadamente promove uma resposta fantástica. Entre se ter um resultado final após o processo terapêutico e o período da condução, existe muita coisa que se pode fazer, vai depender da disponibilidade da professora, da escola, das condições de trabalho que a escola proporcione. Existe hoje, um conceito resgatado, que procura otimizar aquilo que a pessoa tenha de possibilidade a oferecer e não enquadrá-la num lugar comum; trata-se da inteligência emocional. O grande problema do ensino é tratar pessoas diferentes de forma igual. Currículos rígidos, conteúdos programáticos pré-fixados. Isto, administrativamente, é muito melhor, mas não é o ideal.
O professor precisa, antes de qualquer coisa, conhecer seus alunos para poder planejar o que fazer durante o período escolar. Todas as estratégias propostas valem a pena serem experimentadas, mas só serão realmente eficazes se adequadas ao grupo a que se destinam.
a reabilitação daquelas crianças cujo diagnóstico cuidadoso afirma a configuração de um quadro de T.D.A.H., pode ser vista sob novas perspectivas, entendendo-se que a atenção e o controle voluntário do comportamento não se limitam às determinações biológicas, destaca-se a utilização tanto da linguagem quanto da mediação de outros signos, visando auxiliar no desenvolvimentos dessas funções psicológicas. Com isso pretende-se que a criança adquira maior consciência de seu próprio comportamento.
Em que idade a criança apresenta os sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção?
Os problemas de TDAH, geralmente são entre crianças de 6 a 12 anos. Os primeiros sintomas aparecem geralmente, entre três e seis anos de idade. Para serem diagnósticos precisam estar presentes em pelo menos dois contextos diferentes, devendo haver evidências claras de prejuízo do funcionamento social e acadêmico. Há três subtipos desse transtorno, que são: a) predomínio dos sintomas de desatenção; b) predomínio de sintomas de hiperatividade / impulsividade e c) o tipo combinado.
Resumidamente, a desatenção leva a distratibilidade e a dificuldade de perseverar numa única tarefa por um período prolongado de tempo. A impulsividade faz com que elas fiquem bastante suscetíveis a acidentes, cria problemas com os colegas, perturbando o andamento da aula. Já a hiperatividade, freqüentemente é manifestada através da inquietude motora e do falar excessivo.
Geralmente com o passar dos anos a maioria dos casos os sintomas e o prejuízo do transtorno irão persistir, por isso é importante uma investigação com abordagem multidisciplinar, envolvendo medicação e intervenções psicológicas. O diagnóstico é feito na fase escolar.
Algumas teorias sugeriam que problemas familiares (alto grau de discórdia conjugal, baixa instrução da mãe, famílias com apenas um dos pais, funcionamento familiar caótico e famílias com nível socioeconômico mais baixo) poderiam ser a causa do TDAH nas crianças. Estudos recentes têm refutado esta idéia. As dificuldades familiares podem ser mais conseqüência do que causa do TDAH (na criança e mesmo nos pais). Problemas familiares podem agravar um quadro de TDAH, mas não causá-lo.
Valdivino Alves é Pedagogo, Psicopedagogo, Matemático, Contador, Consultor Tributário, Professor e Escritor. Autor de projetos e livros na área de educação, pesquisador em comportamento da aprendizagem e desenvolvimento da inteligência. Possui graduação em Pedagogia, Matemática, Ciências Contábeis e Direito. Pós-graduado em Educação Matemática Comparada, Pós-graduado em Piscopedagogia Clínica e Institucional e Mestrado em Psicologia Organizacional. Escreve sobre, educação, comportamento e Direito.
Site: www.valdivinoalves.com.br E-mail: prof.valdivinoalves@bol.com.br
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3 Comentários
É de fundamental importância o estudo desse tema nas escolas. Eu e a professora Meire fizemos uma monografia sobre o TDAH e após pesquisas aqui em Condeúba, muitos alunos apresentavam várias das características citadas.
Parabéns ao site por colocar em pauta esse assunto.
Adorei a reportagem e me foi muito útil; estou fazendo um trabalho da faculdade (UNEB) sobre este tema. Parabéns!!
Gostei muito do artigo. Pois buscava um assunto com este assunto sobre TDHA. Parabéns ao colunista prof. Valdivino Alves, por sua competência e sabedoria. Realmente na nossa região precisa de uma pessoa que escrevessem sobre estes temas tão importantes.