Por: Agnério Souza e Suely Teixeira
A luta por uma verdadeira educação de qualidade no Brasil tem sido vasta, permanente e contínua. Várias reformas educacionais, planos nacionais, leis de diretrizes e bases, sistemas diversos de ensino são tentativas de implantação para uma verdadeira educação. Na busca por mudanças estruturais na área educacional, há o conflito entre o que o governo oferece e trabalha com a realidade social, política e econômica do país.
Se pensarmos bem, bastariam cinco subtemas a serem trabalhados para alcançar uma verdadeira educação de qualidade: a) professor capacitado e em capacitação contínua, devidamente compromissado com a causa da educação; b) determinação do aluno em aprender; c) ambiente propício do espaço educativo bem equipado e munido de novas tecnologias; d) profissional da educação bem remunerado, consciente do seu papel de educador; e) avaliação série e justa.
Quando não se cumpre os postulados enumerados no parágrafo anterior, pode-se dizer que a educação entra em conflito, pois os desafios para se conquistar uma verdadeira educação de qualidade são bem evidentes. Como conseguir qualidade educacional com professor despreparado e parado no tempo? Não basta apenas a preparação, é necessário o compromisso com a causa da educação. Sabe-se q eu em muitos municípios do interior brasileiro ainda se contrata professor não licenciado para lecionar. Não há professores licenciados em Química, Física e Biologia suficientes para suprir todas as escolas do Ensino Médio do país. O Art. 61 da LDB diz: “Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido formado em cursos reconhecidos são:
I – professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na educação infantil e nos ensino fundamental e médio”. (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009). Vê-se assim que, até brecha na legislação existe para acontecer tal fato.
Como se obter educação de qualidade caso o aluno não esteja interessado em aprender? De que adiantará esforço profissional, se a parte com quem se trabalha nada quer, nada lê, nada produz? Escolas públicas recebem pessoas das mais diversas convivências sociais e muitas são desajustadas, viciadas em drogas, praticam o bullying, a violência, são deseducadas e convivem num ambiente, muitas vezes, constrangedor onde falta o amor acima de tudo. Pode haver conflito maior que esse? O desafio nosso é superar tudo isso e partir para novas conquistas na área educacional.
Outro grande e terrível conflito é a questão salarial. É notório que o profissional em educação recebe remuneração inferior aos seus anseios. Greve seria a solução? Quem está na escola pública, a classe média ou os mais carentes? Não há uma preocupação maior em resolver a valorização do magistério justamente por isso. O capitalismo tem suas mazelas, embora seja dito educação para todos. Mesmo assim, o educador ainda trabalha por vocação e por amor ao que faz.
Pode-se relacionar a questão da avaliação como uma das causas do enfraquecimento do ensino e da falta de aprendizagem, quando esta não é levada a sério e aplicada com justiça. Mesmo que se diga que os aspectos qualitativos devam prevalecer sobre os quantitativos, ainda são destes a verdadeira medida com que se avalia o alunado. São as provas, os testes, os trabalhos, os projetos e tudo que for necessário para avaliar o aluno. Se a escola não o faz, a sociedade faz, e a faz duramente. O cidadão submete-se a concursos públicos dificílimos. O ENEM avalia aquilo que não se estuda nas escolas. Chega-se até a pensar que alunos egressos do Ensino Médio são analfabetos funcionais. Então, a avaliação gera conflito diante as modernas técnicas metodológicas estudadas, principalmente as trabalhadas por renomados pedagogos como Jussara Hoffmann e Cipriano Luckese.
Embora a educação moderna não seja feita mais em sala de aula, através do acúmulo de informações, há necessidade de interação: professor-conhecimento-aluno. No entanto, muitas escolas ainda continuam com a forma tradicional na transmissão do conhecimento.
Já houve recomendação de alguém muito importante na história da educação brasileira, como o Ministro Gustavo Capanema que dizia para o corpo discente de determinado estabelecimento no Rio de Janeiro: “Deveis consagrar-vos, exclusivamente, ao estudo. Não deveis ter outra atividade, nem outra preocupação, nem outro objetivo. Certo é que muitos de vós precisais trabalhar para ganhar ordenados. Pois bem, tirando isto, não façais outra cousa que não seja estudar”. (HORTA, J.S.Baia, 1999)
Mas, infelizmente, são poucos os jovens que realmente abraçam o estudo com seriedade. Falta-lhes a determinação em aprender. Vale ressaltar que, estamos diante de uma diversidade cultural, de gênero e de valor. É tempo de inclusão. Grande tem sido a luta do governo e dos educadores para conduzir a juventude no caminho certo, no caminho da profissionalização e da técnica, do mundo virtual, digital e mercadológico. Procura-se por todas as maneiras evitar a evasão e a repetência escolar. Várias são as causas que provocam esses fatos: a falta de interesse do discípulo, como já foi dito, principalmente se a aula é monótona; a necessidade de trabalhar fora do seu município; a dependência química; aulas cansativas de um professor após um dia de trabalho, tanto do docente como do discente; aluno despreparado para cursar a série na qual matriculou-se, entre outras.
O presente artigo refere-se sempre e a cada parágrafo às discussões da disciplina abordadas durante o curso. Como as propostas discursivas são extensas, não é possível elencá-las resumidamente neste trabalho. Contudo, valoriza-se e destaca-se entre outras a Educação de Jovens e Adultos – EJA como meta prioritária da educação básica brasileira, tendo em vista o percentual significativo de pessoas que não tiveram aprendizagem escolar em tempo oportuno e que agora dispõem dessa oportunidade. “Seguindo uma trajetória que deve muito aos trabalhos de Paulo Freire e sua pedagogia crítica, voltada essencialmente para a educação popular como direito de todos, a EJA figura na atualidade não como um segmento, mas como uma modalidade que abarca segmentos da educação básica, reformulando-os segundo seus objetivos de formação.” Eis uma análise efetuada pelas professoras Zélia Versiani e Isabel Cristina ambas da UFMG. Elas vão mais longe, quando falam de alfabetização de adultos em que se estuda na EJA I de nível I: “Há vários programas de alfabetização de jovens e adultos implementados no Brasil, esteve presente a idéia de que basta alfabetizar quem esteve fora da escola e de que é possível que qualquer um se alfabetize em pouco tempo. Não podemos nos esquecer de que o processo de produção de significados para o aprendizado da cultura escrita é construído por ações de média e longa duração e que, embora o domínio da escrita seja um dos principais componentes da inclusão social de jovens e adultos na sociedade, espera-se que essa modalidade de educação ultrapasse necessidades instrumentais e que suas ações promovam, de fato, a inclusão no mundo do trabalho, da política e da cultura”.
Tecendo comentários dentro das discussões em relação com a disciplina, nota-se que há um conflito ao fixar o jovem ou o adulto na escola. É justamente na EJA onde ocorre grande índice de evasão e repetência. Muitos não se entusiasmam em levar os estudos até o fim. Cansaço, visão curta, falta de otimismo. Talvez uma Bolsa-Alfabetização seguraria o alunado por mais tempo na escola. O Brasil Alfabetizado se utilizar esse recurso, vai conseguir sucesso: diminuir o analfabetismo no pais e introduzir o estudante na EJA.
A repetência pode ser considerada falta de aprendizagem. Não se pode aprovar em massa, é necessário avaliar. Quem fracassa tem direito à recuperação. Entra aí a ação do professor, pois o mestre é para fazer o discípulo aprender e não para reprová-lo, porque para isto existe planejamento.
Portanto, na educação brasileira há conflitos e desafios. É uma luta constante, e para solucionar todos os casos as universidades brasileiras Conferência Nacional de Educação – CONAE , os amantes da educação já apresentaram suas propostas. Ponhamo-las em prática.
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2 Comentários
êta q hj o site tá é bom. muito bom ver o site recheado de noticias e coisas de condeuba. para Agnério e Suely, minhas felicitações pela verdade colocada nua e crua. vcs são heróis do ensino brasileiro.
João Carlos – Vit. da Conquista-BA
Professores, muito louvável a iniciativa de falar o q acontece nas escolas. Precisamos de ações e menos reclamações. Creio q a greve é a solução, as centrais já estão convocando uma pelos salários, poderemos incluir tb outros motivos, como os apresentados por vcs. Tb sou Professora, amo minha profissão e precisamos nos unir. Parabéns a vcs dois e q os anjos nos acudam, pois os homens, tá é dificil.