Marcada para 28 de novembro, a quinta edição da Black Friday Brasil – evento que promete grandes descontos nas compras no comércio eletrônico – quer provar que aprendeu com os erros das edições anteriores, criticadas pela maquiagem de preços. Descontos mais modestos e maturidade dos varejistas devem marcar a versão deste ano, acreditam especialistas em consumo digital ouvidos pelo G1.
Para combater a má fama, a Camara-e.net criou, em parceria com o Busca Descontos, organizador oficial do evento, uma espécie de selo de qualidade (Black Friday Legal) para identificar as lojas bem intencionadas. Até agora, 420 varejistas mostraram interesse em obter a qualificação, conta o idealizador da Black Friday brasileira, Pedro Eugênio.
Mas o selo só será dado às empresas que aceitarem cumprir o código de ética do evento, explica o executivo. “A norma proíbe falsas ofertas e exige a identificação correta dos produtos em promoção” diz.
Para a consultora em marketing digital e comportamento do consumidor, Fátima Bana, os lojistas começaram a entender, com base em experiências passadas, que não é possível dar descontos de 70% como nos Estados Unidos. “O varejo brasileiro não tem margem para isso. Sabemos hoje que os descontos reais não passam de 30%”.
Em 2013, a média das ofertas ficou por volta deste patamar, diz Eugênio. Mercadorias de moda tiveram as maiores reduções de preços, de até 50%. Já os eletroeletrônicos apresentaram a menor margem para descontos na última versão.
Varejo espera faturar R$ 1,2 bilhão
Mesmo com a economia estagnada em 2014, o comércio eletrônico está otimista com o evento deste ano. A e-Bit, especializada em comércio eletrônico, calcula um aumento de 56% no faturamento ante 2013, movimentando R$ 1,2 bilhão.
Um estudo da agência de pesquisa de mercado Hello Research com 1,2 mil pessoas de 70 cidades apontou que 27% dos consultados já estão familiarizados com a Black Friday no Brasil. Destes, 69% pertencem à classe A, 43% à B e 20% à C. O restante (7%) faz parte das classes D e E.
13º salário no dia da Black Friday
Este ano, a Black Friday coincide com o pagamento da primeira parcela do 13º salário. O fato de o brasileiro estar com mais dinheiro no bolso no dia da promoção é positivo, acredita a consultora Fátima, criando oportunidade para antecipar as compras de Natal.
Mas para o especialista em direito do consumidor e do fornecedor, Dori Boucault, o pagamento do salário neste dia aumenta o risco de endividamento no próximo ano, quando há despesas pesadas com impostos e educação. “É preciso planejar com antecedência o valor máximo a ser comprometido”.
Como as ofertas devem ser menores que as anunciadas nas edições anteriores, o pagamento à vista, com o uso de boletos bancários, é uma das melhores opções para pagar menos, com descontos de até 10%. O ideal é consultar os preços pelo menos duas ou três semanas antes do evento e fazer uma lista para saber se os gastos caberão no orçamento, sugere Fátima.
Devido ao grande número de acessos às lojas virtuais, a queda do sistema foi uma das reclamações mais comuns nas edições passadas. Para prevenir-se, a recomendação é documentar todos os passos da compra, para ter provas de que ela foi efetuada.
A melhor forma é registrar um “printscreen” da tela do computador, inclusive se o site sair do ar, e arquivar a imagem. Boucault orienta evitar fazer as compras nos horários de maior congestionamento de usuários – geralmente nas primeiras horas da madrugada e durante o almoço.
Outro problema relatado é a falta do produto no estoque após a compra. Segundo o advogado Boucault, é obrigação do lojista garantir o que foi prometido no site. Portanto, se o produto for ofertado e faltar, a entrega deve ser garantida pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC).
O consumidor tem o prazo legal de sete dias para se arrepender da compra e pedir a devolução, caso não goste do produto, explica Boucault. “Isso só vale para as compras virtuais”. Se neste prazo não for possível contatar a loja, registre que a procurou para garantir o direito de troca.
Para proteger-se de lojas mal intencionadas, a recomendação é verificar se o site possui meios de contato como telefone ou email. “Desconfie dos que não fornecem estes dados. Eles podem sumir e deixar o cliente na mão”, alerta Boucault.
O advogado também sugere evitar comprar de computadores externos, como em lan houses e cybercafés, ou até mesmo com senhas de wifi abertas, sem proteção, a fim de evitar invasões de hackers e roubo de senhas. “O ideal é acessar de seu computador pessoal”.
Sites estrangeiros podem oferecer preços mais em conta, mas a legislação do consumidor no Brasil não se aplica a eles. “Se houver algum problema, o cliente não estará protegido pela nossa legislação”, diz o advogado.
400 sites não confiáveis
O Procon mantém uma lista com mais de 400 sites que devem ser evitados para compras, devido ao histórico de reclamações e ao fato de não terem sido localizados para solucionar as queixas de consumidores.
Varejistas que praticaram falsos descontos nas versões anteriores da Black Friday foram devidamente punidos, diz Fátima. “Muitos destes sites que fizeram promoções absurdas acabaram saindo do ar e os melhores conseguiram se consolidar”. Ainda assim, a consultora diz que o consumidor não deve perder o olhar crítico na hora de comprar.
Fonte: G1
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