Da série Condeúba 151 anos

Ah, amiga, até que enfim você acordou! Quantos anos mesmo? Cento e lá vai cacetada! Tava na hora, né! Você provou, enfim, que não estava morta como todos imaginavam. É bom ver que você está se esforçando para se manter de pé novamente. Também, depois de tanto tempo deitada, imóvel. Depois de tanta surra é natural que estivesse desse jeito. Pensei até que você não conseguisse mais se reerguer com as próprias pernas, mas você é forte, seus filhos são trabalhadores e persistentes e acreditam em você.

Muitos dos que se faziam de bonzinhos, dizendo ser seu amigo, seu protetor foram os que mais te judiaram. Traidores miseráveis! Mas, graças a Deus que a monarquia acabou faz tempo. Você sofreu, eu sei. Famílias te dominaram desde a sua criação. Pessoas incompetentes, frouxas, deixaram-te pobre. A tal oligarquia. Suas águas eram limpas, eles a poluíram. O seu tamanho territorial era incomensurável. Eles o reduziram… Mas não tem nada não, amiga. É como já disse um grande poeta: “o rio não tem pressa de virar mar porque sabe dos caminhos”. O caminho é o progresso e o progresso é o futuro. Há uma luz brilhando lá no finzinho do túnel. E eu tenho certeza que você, mesmo tateando no escuro, vai chegar até ela porque você é valente e não desiste tão fácil assim.

Tenho por você uma grande admiração e sei da sua capacidade de força e representatividade regional. Mas tem uma coisa que eu não posso deixar de falar: você já é uma mulher adulta — não se ofenda com o que eu vou dizer — mas já é quase… velha, porém, vez ou outra, faz coisa de menino. Moça, deixa disso! Você não tem mais idade para essas coisas, não. Veja o exemplo dos seus vizinhos que são bem mais novos que você, porém já começam a dar sinal de responsabilidade.  Chegou a sua vez também de amadurecer. Não vai querer ficar pro resto da vida enterrada no século XX, não é? Mas deixemos as criticas de lado. Eu sei que você tem mudado muito. É isso ai, minha querida, é bom ter você de volta. Erga-se das cinzas, balança a poeira e vamos embora porque o futuro nos espera. Século XXI já chegou, vamos acompanhá-lo.

Por: Leandro Flores