Da série Condeúba 151 anos

Saudades da minha cidadezinha, que apesar de pacata não é uma cidadezinha qualquer como a do Carlos. É a minha cidadezinha do interior, que guardo meus causos e emoções vividas. Esse filme antigo que me passa diante dos meus olhos, as risadas, as lágrimas, os sorrisos, os olhares brilhantes, os amores escondidos e encantos.

Cidadezinha do meu sertão de cores radicalmente distintas e que mesmo assim vivem em perfeita harmonia.

Cidadezinha de serestas, alvoradas, menina namoradeira na janela, cidade de noite estrelada. Lá Carlos, o tempo passa devagar, os segundos se transformam em horas (sempre plenas) e os bons momentos são muitos mais duradouros que as tristezas.

Já faz um tempo que não me lembrava da minha cidadezinha, pequena fui mandada pra cá, já estava quase me esquecendo das maravilhosas lembranças que foram gravadas em minha memória, e quando as tinha me sentia estranha, sentia distante da realidade.

Pois já me adequaram a viver nesse formigueiro gigante, com suas regras e leis severas, que tentam arrancar minhas doces recordações do solo de meu espírito.

E hoje me aparece você Carlos! Que já foi tão gauche na vida, falando de sua cidadezinha qualquer do interior, querendo me parecer familiar, mas eu digo, a minha tem mais cor, tem mais magia, mais poesia.

“Saudade é ser, depois de ter.”

Por: Andressa Ribeiro
Maio de 2012, em homenagem a Condeúba – BA

CIDADEZINHA QUALQUER
“casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar… as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus”.

Carlos Drummond de Andrade