Se o prefeito de Santa Cruz Cabrália, no Sul da Bahia, Jorge Monteiro Pontes (PT), tivesse dinheiro sobrando e resolvesse comprar todo o atendimento que a Organização Voluntários do Sertão realiza nesta semana na cidade, precisaria de aproximadamente R$ 10 milhões, incluindo consultas, exames, medicamentos, óculos, próteses etc.
A previsão é do próprio chefe do Executivo. A estimativa da organização é semelhante. O cálculo é feito com base em valores pagos por convênios médicos, intermediário entre os valores pagos pelo SUS e os cobrados em atendimento particular.
O empresário Doreedson Pereira, o Dorinho, presidente da Organização Voluntários do Sertão e idealizador do projeto, diz que a simulação é feita apenas para se ter noção do valor. “Aqui ninguém cobra nada e a maioria não viria pelo dinheiro. Eles vêm pelo desejo de ajudar. Além disso, o atendimento atinge também cidades da região”, diz Dorinho.
O atendimento dos Voluntários do Sertão começou na manhã desta segunda-feira, 18, na cidade de Santa Cruz Cabrália, a 22 quilômetros de Porto Seguro. Desde as primeiras horas da madrugada a população formou filas em busca de atendimento. Aproximadamente 400 voluntários participam da ação que prossegue até sexta-feira, 22.
São atendimentos em Clínica Médica, especialidades médicas, cirurgias, Pediatria, Ginecologia, Odontologia, Oftalmologia e Mamografia. Há também fornecimento de medicamentos, óculos e próteses dentárias. Nas cirurgias as principais são de catarata, mas outras também são realizadas. São feitos, ainda, vários exames, incluindo mamografias.
Dificuldades
Segundo o prefeito Jorge Monteiro, que está em seu segundo mandato, quando ele assumiu a Prefeitura, em 2009, a situação era muito precária. Ele diz ter conseguido melhorar um pouco, mas ainda enfrenta muitas dificuldades. “Não tínhamos nem atenção básica e consegui construir oito unidades básicas de saúde. Até então a cidade tinha apenas três”, afirmou.
O chefe do Executivo contou que a Prefeitura investe cerca de R$ 1 milhão por mês na saúde, o que representa cerca de 19% da Receita Corrente Líquida (RCL), para uma exigência legal de 15%. Ainda assim faltam recursos. O orçamento total da prefeitura chegou a R$ 64 milhões no ano passado.
“Conseguimos atender, por exemplo, cinco exames de ressonância magnética por mês, quando precisaríamos de pelo menos 15. Ainda precisamos comprar exames na rede particular em Eunápolis e enviar os doentes, numa distância de 84 quilômetros”, explica Jorge Monteiro. Por isso ele considera que mesmo que tendo a responsabilidade de pagar a estadia dos voluntários, a cidade tem um ganho muito grande no atendimento médico. “Temos uma demanda reprimida muito grande, que terá pelo menos parte resolvida agora”.
Fotos: Alfredo Risk/Voluntários do Sertão
Fonte: Revide
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