Cinco baianos foram medalhistas de ouro na Olimpíada de matemática
Salvador recebeu pela primeira vez, nesta segunda-feira (8), a premiação da 14ª Olimpíada Brasileira de Matemática das escolas públicas de 2018 (OBMEP). O evento foi realizado no Fiesta Bahia Hotel, no bairro do Itaigara. Cinco baianos foram premiados com medalha de ouro.
Ao todo, esta edição contou com 18,2 milhões de inscritos em todo o país. A competição tem níveis 1, 2 e 3, a depender da série do participante, e reúne estudantes dos Ensinos Fundamental (a partir do 6ª ano), Médio e Universitário das instituições públicas de todo o Brasil.
Ao todo, foram 575 medalhistas de ouro. Entre eles, apenas cinco baianos: Ryan Barbosa Castro, de Salvador; Emmanoel Wallace Gouveia, de Feira da Mata; Naicon Tablo Pinheiro Coutinho, de Mortugaba; Allan Barros Cruz, de São Féliz do Coribe; e Henrique Carneiro Cardoso, de Tanque Novo.
A OBMEP é uma realização conjunta do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) e da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM).
Ryan é de Salvador e recebeu medalha de ouro.
O Medalhistas de ouro da BA em olimpíada de matemática falam de prêmio e rotina: ‘Nunca encarei o estudo como obrigação’
“Nunca encarei o estudo como sendo uma obrigação, algo que meus pais tivessem que me forçar a fazer. Estudar para mim sempre foi uma coisa natural, que eu amo e gosto de fazer por conta própria”. A fala é de um verdadeiro campeão de 11 anos que, apesar da pouca idade, já sabe o que é colocar no peito uma medalha de ouro.
O pequeno Emmanoel Wallace Gouveia foi um dos cinco estudantes da Bahia que estiveram entre os 575 de todo o país premiados com medalhas de ouro, nesta terça-feira (8), pelo desempenho na 14ª Olimpíada Brasileira de Matemática das escolas públicas e privadas de 2018, que teve 18,2 milhões de inscritos.
Morador da cidade de Feira da Mata e estudante do oitavo ano do ensino fundamental em uma escola pública, Emmanoel participou da olimpíada pela primeira vez em 2018 e não esconde a emoção de ter levado a medalha.
Ele fez questão de viajar cerca de 960 quilômetros, de casa até a capital baiana, para participar da premiação – só tinha ido a salvador uma vez, quando era criança, levado pela mãe para conhecer o mar.
“Fiz a primeira vez a olimpíada no ano passado. Eu estava no sexto ano, fiz a primeira fase sem ter me preparado previamente, porque não fomos avisados que ia ter a prova. Foi uma surpresa porque eles não avisaram com antecedência. Não tinha nenhum cartaz. Descobri no dia, fiz a prova, que foi super legal, questões muito lúdicas. Depois, eu percebi que tinha passado para a segunda fase. Então, decidi me dedicar, estudar pela internet, e fiquei em primeiro”, destaca.
O gosto pelos estudos, conta o jovem, vem de muito cedo e ele sempre teve o apoio dois pais. Diz que, muitas vezes, se o pai ou a mãe não pedirem para ele fazer outra coisa, ele passa o dia estudando.
“Meu pai é matemático e, antes de eu fazer a olimpíada, ele imprimiu algumas das provas anteriores para eu me familiarizar. Minha mãe também sempre me ajuda. Tem dias que, além da escola, eu estudo mais três horas em casa tanto matemática como outras matérias. Só que quando fui fazer a olimpíada, tirei um tempinho ainda maior, porque é uma prova um pouco diferente”, conta.
Aluno do Colégio Militar de Salvador, Ryan, de 14 anos, é o único representante da capital baiana premiado. “Fico triste pelo baixo números de baianos e por ser o único de Salvador. Acho que, muitas vezes, o problema está nos primeiros anos de aprendizado. Se você tem dúvidas no começo e vai levando, dificilmente você consegue acompanhar, porque vai ficando mais difícil mesmo”, explica.
“Não é memorizar uma questão que aparece na prova, não é simplesmente saber quanto é dois vezes dois. A questão é resolver com algo que aprende na escola”, destaca Emmanoel.
A mãe, sempre do lado, não mede esforços para encher a boca para dizer o quanto se sente orgulhosa.
“Desde que ele começou a estudar, eu percebo que ele tem um desempenho muito grande não só em matemática mas também em outras áreas, nas outras matérias. Ele sempre gostou de estudar. E não é a gente que obriga, pelo contrário. Às vezes o pai dele tem que chamar a atenção e dizer: ‘Meu filho, a vida não é só estudo’. Aí leva ele para ir em um rio, para ir a algum lugar para ver se ele espairece”, diz a mãe Elizabeth Batista, 34 anos.
“A gente incentiva ele a andar de bicicleta, fazer outras coisas que outros meninos fazem e ele não quer. Diz que prefere ficar em casa estudando. Ele gosta de pesquisar e o que não consegue aprender sozinho, com a internet, ele pede auxílio do pai”, revela Elizabeth.
“É uma felicidade imensa. O orgulho vai nas alturas. A gente fica muito feliz e orgulhosa, mas também sempre dizendo a ele que não é uma coisa obrigatória e que não é porque ele ganhou agora que ele vai ter que ganhar sempre. Ele já fez a primeira fase desse ano de novo e, das 20 questões, acertou 19. A gente só pede para ele ir no tempo dele, e que o importante é fazer o que gosta. Não tem obrigação nenhuma de trazer o ouro sempre, mas se vier novamente vamos agradecer”, completa a mãe.
Emmanoel ainda está em dúvida sobre o que vai fazer no futuro. Diz até que pensa em ir para a área de saúde, pela paixão que vem florescendo dentro dele por medicina, mas também não descarta a área de exatas.
“Para o futuro, alguma coisa na área de medicina ou astronomia, porque eu também gosto muito de ciências, além da matemática. Ainda tenho um tempinho para decidir”, diz.
Marcos Pontes foi ovacionado no evento
Estiveram na premiação o Ministro da Ciência, Tecnologias, Inovações e Comunicações (MCTIC), Marcos Pontes, o diretor-adjunto do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) e coordenador-geral da Obmep, Cláudio Landim, o secretário Municipal de Educação (Smed), Bruno Barral, entre outras autoridades.
“Vocês são o futuro do nosso país. Lembrem sempre que vocês podem ser tudo o que quiserem, basta que estudem, acreditem e se dediquem”, disse Pontes.
Outro estudante premiado nesta segunda-feira foi Ryan Barbosa Castro, de 14 anos, único de Salvador a ganhar medalha de ouro nesta edição da competição de matemática.
Estudante do Colégio Militar de Salvador, Ryan também está no oitavo ano do ensino fundamental e faturou a segunda medalha de ouro seguida. Apesar do bom desempenho, revela que não é de estudar muito.
“Desenvolvi uma facilidade para a matéria porque, antes, eu estudava mais. Hoje em dia, Não estudo muito. No geral, para me preparar para a olimpíada, eu acabei estudando um final de semana antes. Só que também tem o fato de que, ao longo do ano, eu faço programa de iniciação científica e, tecnicamente, acabo estudando”, destaca.
O jovem afirma que a mãe, professora de matemática, é a grande inspiração.
“Ela sempre me incentiva e acho que é por isso que eu me dou bem. Ano passado, estive no Rio de Janeiro para ganhar outra medalha de ouro da olimpíada de matemática, a minha primeira, e também tenho outros prêmios de outras competições, inclusive uma de astronomia. A felicidade é grande por saber que o meu esforço deu resultado”, diz.
Sobre futuro, também diz ainda não ter decidido sobre o que fazer.
“Eu não decidi. Às vezes escolho alguma coisa assim, mas só fica por um dia e do nada mudo para outra coisa”, brinca.
Fonte: G1 e Correio 24 horas
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